Coco Babaçu: Como as Quebradeiras Protegem a Natureza e a Economia Sustentável

Você sabia que, em pleno século XXI, ainda existem mulheres que, com suas mãos calejadas, enfrentam não só o peso das adversidades econômicas e sociais, mas também a luta pela preservação do meio ambiente? Essas guerreiras são as Quebradeiras de Coco Babaçu, heroínas silenciosas da sustentabilidade, que, ao quebrar o coco da palmeira, não apenas geram a economia local, mas também defendem a natureza contra a ameaça dos agrotóxicos e da degradação ambiental. Mas como? Vamos descobrir juntos!

Quem são as Quebradeiras de Coco Babaçu?

Entre a Caatinga e o Cerrado, nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará, vivem as mulheres quebradeiras de coco babaçu. Elas somam mais de 300 mil mulheres trabalhadoras rurais que vivem em função do extrativismo do babaçu, uma das mais importantes palmeiras brasileiras.

As quebradeiras de coco babaçu são mulheres que desempenham um papel fundamental na preservação da biodiversidade do Brasil, sendo responsáveis pela extração do coco babaçu, um dos frutos mais importantes para a economia local, e fazem isso de forma artesanal, sem o uso de grandes máquinas que poderiam causar danos ao meio ambiente.

Essas mulheres, muitas vezes chamadas de “guardiãs da natureza”, têm um vínculo profundo com o coco babaçu, também conhecido como coco babaçu ou coco da palmeira. Elas utilizam métodos tradicionais para quebrar o coco, o que garante a preservação da palmeira de babaçu e da biodiversidade local. O coco babaçu é utilizado de diversas formas: para a produção de óleo, leite, carvão, farinha, entre outros produtos que alimentam a economia e geram trabalho para muitas famílias.

O Começo da Luta

Contra uma vida de segregação, as quebradeiras iniciaram seu processo de luta – denominado por elas de babaçu livre. O nome advém da “batalha” contra os pecuaristas, que construíram cercas em torno das áreas de incidência da palmeira, impedindo, dessa forma, a coleta do coco. Como forma de impedir a livre circulação das quebradeiras em suas terras, muitos criadores de gado, além do cercamento, transformaram babaçuais em áreas em pastos, numa atitude criminosa contra o meio ambiente e a cultura das populações tradicionais.

Fazendeiros, pecuaristas e as empresas agropecuárias cercaram as terras com consentimento e incentivos dos governos estadual e federal. Em seu ambiente, as mulheres passaram a ser pressionadas. Mas a resistência veio a partir da afirmação de uma identidade coletiva e da certeza de que sua atividade econômica era essencial para a vida delas.

Para fortalecer suas reivindicações, as mulheres criaram o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), no ano de 1995. O MIQCB luta pelo direito à terra e à palmeira de babaçu para que possam trabalhar e manter a natureza estável, e pelo reconhecimento das quebradeiras de coco como uma categoria profissional.

A discussão política ganhou força em 1997, quando foi aprovada, no município de Lago do Junco, a Lei do Babaçu Livre, garantindo às quebradeiras o direito de livre acesso e uso comum dos babaçuais e impôs restrições às derrubadas de árvores.

A luta das quebradeiras começou no estado do Maranhão, na região do Médio Mearim, onde famílias das comunidades Centrinho do Acrízio, Ludovico e São Manoel, no município de Lago do Junco, conquistaram, após um longo processo de luta, áreas para morar e produzir. A região havia sido povoada no passado por posseiros, descendentes de escravos e indígenas.

Até os dias atuais, as quebradeiras fazem mobilizações para garantir o debate sobre alternativas de desenvolvimento para as regiões onde existe o babaçu. O movimento é predominantemente das mulheres, e por isso reserva aos homens um espaço somente nas danças e celebrações religiosas.

Da árvore do babaçu, as mulheres extraem o seu sustento. Transformam as palhas das folhas em cestos, a casca do coco em carvão e a castanha em azeite e sabão. Organizadas, criaram cooperativas para produção e comercialização de seus produtos, como farinha, azeite, sabonete e outros derivados do babaçu. [Fonte: MIQCB, Culturart e artigo de Maria Regina Teixeira da Rocha]

A Luta Contra os Agrotóxicos e a Preservação da Natureza

A luta das quebradeiras de coco babaçu vai além da busca por uma renda. Essas mulheres também são ativistas ambientais que, ao optarem por práticas sustentáveis, evitam o uso de agrotóxicos que podem comprometer a saúde humana e dos ecossistemas locais. O cultivo de coco babaçu, por exemplo, exige poucos insumos químicos, ao contrário das plantações de culturas como soja e milho, que são frequentemente contaminadas com agrotóxicos.

Elas sabem que a palmeira de babaçu é uma verdadeira fonte de vida para os ecossistemas. Seu cultivo sem a interferência de produtos químicos contribui para a preservação das águas e dos solos, além de garantir a sustentabilidade do meio ambiente. O trabalho das quebradeiras de coco babaçu faz parte de um sistema de manejo que respeita o equilíbrio ecológico da região.

Coco Babaçu: O Ouro Verde do Maranhão e do Brasil

O coco babaçu é a estrela de uma cadeia produtiva que envolve a palmeira de coco e beneficia milhares de pessoas no Maranhão, Piauí e outras regiões do Nordeste brasileiro. A palmeira do babaçu é uma planta nativa que tem diversas utilidades. Suas folhas, frutos e sementes são aproveitados de forma integral pelas quebradeiras de coco para gerar diversos produtos:

  • Óleo de babaçu: um óleo vegetal altamente valorizado no mercado cosmético e alimentício.
  • Farinha de babaçu: utilizada para a alimentação e como ingrediente em diversos produtos.
  • Leite de coco babaçu: ingrediente versátil e saudável.
  • Carvão de coco babaçu: um combustível ecológico e sustentável.

Além disso, a casca de coco babaçu é usada para criar carvão vegetal ecológico, evitando o desmatamento e contribuindo para a sustentabilidade da região. A utilização de toda a planta e a redução do desperdício fazem do coco babaçu um símbolo de economia circular.

O Impacto das Quebradeiras de Coco Babaçu na Economia Local

A produção do coco babaçu está diretamente ligada à economia local em várias regiões do Brasil. A quebradeira de coco babaçu tem uma relação íntima com o mercado sustentável e de baixo impacto ambiental. A renda gerada por essas mulheres ajuda a fortalecer a economia do interior, criando um ciclo virtuoso de consumo local e fortalecimento de suas comunidades.

Além disso, as quebradeiras de coco também desempenham um papel importante no turismo sustentável. Muitas comunidades quilombolas, que dependem da palmeira de babaçu, oferecem experiências turísticas, como visitas às palmeiras, colheita e o processamento do coco. Isso permite que as pessoas de fora conheçam a rica cultura e as práticas sustentáveis que elas preservam.

O Futuro das Quebradeiras de Coco e a Sustentabilidade

Apesar da importância ambiental e econômica das quebradeiras de coco babaçu, essas mulheres enfrentam muitos desafios. A maior parte das terras de coco babaçu ainda não é oficialmente reconhecida e protegida, o que coloca em risco o futuro das palmeiras e do coco babaçu. A falta de apoio governamental e o avanço das monoculturas agrícolas com o uso de agrotóxicos também ameaçam a continuidade dessa prática sustentável.

Porém, as quebradeiras de coco babaçu não desistem. Elas lutam pela regularização fundiária, pelo reconhecimento de seus direitos e pela preservação da palmeira de babaçu, que continua a ser um símbolo de resistência e de preservação ambiental.

Benefícios do Coco Babaçu

O coco babaçu é um patrimônio natural e cultural do Brasil. Além de ser fonte de alimento e renda, ele possui benefícios incríveis para a saúde, como o controle do colesterol e a redução de inflamações, devido à presença de ácidos graxos essenciais e antioxidantes. A farinha de babaçu pode ser uma excelente alternativa para dietas sem glúten, e o óleo de babaçu é amplamente utilizado na indústria de cosméticos pela sua hidratação profunda.

A Luta das Quebradeiras de Coco

As quebradeiras de coco babaçu são mais do que simples trabalhadoras rurais: elas são as verdadeiras guardiãs da natureza, que, com seu trabalho, preservam um ecossistema rico e único, ao mesmo tempo que geram empregos e fomentam a economia local de forma sustentável. Sua resistência contra os agrotóxicos e o uso de técnicas tradicionais de manejo ecológico são exemplos claros de como o desenvolvimento sustentável pode ser alcançado quando se respeita o meio ambiente.

Agora é o momento de valorizar o trabalho dessas mulheres e, ao mesmo tempo, refletir sobre as escolhas que fazemos em nosso dia a dia. Ao consumir produtos do coco babaçu, como o óleo de babaçu, a farinha de babaçu ou o carvão ecológico, você também está ajudando a preservar a natureza e a fomentar uma economia mais justa e sustentável.

Apoie a economia sustentável! Compre produtos de coco babaçu e ajude as quebradeiras a preservarem a natureza. Seja parte da mudança!

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